terça-feira, 20 de julho de 2010

Resumo: Meditações Metafísicas - Renè Descartes

Não estou ainda muito certo sobre postar no Blog textos referentes à faculdade de psicologia. Mas alguns são especialmente importantes e, pelo menos nesses casos, vou me desculpar por postá-los aqui.
Nesse caso, um pequeno resumo da primeira e segunda meditações metafísicas de René Descartes.





Meditação Primeira

Percebi que não poderia mais ter absoluta certeza de fatos outrora tomados como verdadeiros. Era então necessário revê-los todos a fim de estabelecer algo acima de dúvida nas ciências. Mas, sabendo da dificuldade que a tarefa representava, esperei até atingir uma idade na qual não pudesse mais adiá-la.
Portanto, agora me aplicarei a destruir todas minhas antigas opiniões. Para isso não preciso analisá-las uma a uma, preciso apenas derrubar o que todas têm em comum e o que de todas é o alicerce principal.
Tudo o que aprendi foi através dos sentidos; então, já que estes já se mostraram indignos de confiança uma vez, não posso deixar-me enganar por eles.
Contudo, mesmo sabendo que os sentidos nos enganam às vezes, há certas situações em que não se pode razoavelmente duvidar deles. Como eu poderia negar que estas mãos e corpo sejam meus? Seria loucura negar isso.
Entretanto, devem concordar que em sonho mesmo homens sadios costumam representar certas coisas pouquíssimo verossímeis. E, ainda que em alguns desses sonhos saiba que estou sonhando, às vezes sou enganado por tais ilusões. Pensando bem sobre isso, não consigo distinguir marcas que possam separar claramente a vigília do sonho.
Vamos supor agora que estejamos dormindo e todo nosso corpo e o que sentimos através dele não passa de ilusão. Ainda assim, é preciso confessar que esse corpo e esses sentidos ilusórios devem ter sido espelhados em um corpo real com sentidos reais. Ainda que a realidade seja muito diferente da ilusão que nos é apresentada neste sonho, não podemos deixar de supor que ela deve existir para inspirar o sonho.
Pela mesma razão, ainda que em vigília nossos sentidos talvez nos enganem e alterem as características do mundo, devemos admitir que existe um mundo que é de natureza corpórea e real.
É por essa razão que podemos concluir que a Física, a Medicina e todas as outras ciências dependentes do modo como nossos sentidos nos apresentam o mundo são muito duvidosas e incertas; e que a Aritmética, a Geometria e outras ciências que independem da efetiva existência de seus objetos de estudo contém algo de certo e inquestionável. Afinal, esteja eu dormindo ou acordado, dois mais três são cinco e o quadrado não terá nunca mais do que quatro lados. Tais coisas nos preenchem de um sentimento de certeza.
Penso que há um Deus onipotente que me criou e sendo onipotente poderia perfeitamente enganar-me sobre tudo o que acho que vejo. Assim, até as manifestações mais fortes de certeza que experimento, tal como a soma de dois e três e a quantidade dos lados de um quadrado, não seriam nada mais do que artifícios de Deus para me enganar. Então, se é possível que eu possa ser enganado por Deus, não posso confiar plenamente nem quando estiver inundado do mais puro sentimento de certeza.
Algumas pessoas preferirão pensar que um Deus que seja tão poderoso não poderia deixar de ser completamente bom e desse modo não me enganaria jamais. Prefeririam antes pensar que não fui criado por Deus mas por uma cadeia de acontecimentos desconhecida. Ainda assim, quando menos poderoso for meu criador, mais imperfeito serei eu e maiores as chances de poder me enganar. De uma forma ou de outra, não posso deixar de duvidar de tudo se realmente desejo alcançar algo indubitável e confiável nas ciências.
Agora não posso deixar-me esquecer de que não posso acreditar em minhas antigas opiniões. Não posso deixar-me levar por elas em momento algum e devo, para isso, recordar de que são de alguma maneira duvidosas, ainda que pouco prováveis de serem totalmente falsas. Será mais proveitoso se tomar todas por duvidosas a fim de atingir verdades que sejam inabaláveis.
Já que Deus é fonte de verdade e não poderia então enganar-me, vamos supor um gênio maligno que se empenhou em enganar-me. Considerarei que não tenho sequer um corpo e que o próprio mundo é uma ilusão criada pelo tal gênio para me enganar. Dessa forma posso então suspender todos os juízos que tenho e em nenhum deles acreditando não poderei ser surpreendido por esse enganador.
Contudo, todos esses pensamentos são trabalhosos demais e certa preguiça arrasta-me para a normalidade da vida. Deixo-me levar, pois talvez todo esse trabalho não me levasse efetivamente ao conhecimento da verdade.


Meditação Segunda

A primeira meditação propõe dúvidas de tal natureza que após cogitá-las torna-se impossível ignorá-las. Portanto prosseguirei derrubando as verdades que não sejam completamente confiáveis até ter encontrado algo de certo ou ao menos aprender que não há nada de certo no mundo.
Mantendo a suposição de que não só o meu corpo mas todo o mundo como o percebo são falsos, o que posso então considerar verdadeiro?
Se tudo o que vejo são ilusões, é necessário que algum Deus, ou alguma outra potência, produza tais ilusões? Isso não é, pois eu poderia produzi-las por mim mesmo. Porém, é indispensável concluir que eu existo de alguma forma, pois não poderia ser enganado se não existisse. Logo, toda as vezes em que enunciar a sentença 'eu sou, eu existo', ela tem de ser necessariamente verdadeira no momento em que o faço.
Se é totalmente certo que eu existo, devo agora proceder com cuidado para não enganar-me sobre como existo e tomar alguma outra coisa por mim.
Pensava antes que eu era um homem, mas sopesando todos os atributos de um homem, não encontro nenhum que posso ter a certeza de possuir. Não posso estar certo de caminhar, de me alimentar, nem ao menos de sentir posso estar certo, visto que todas essas atividades requerem um corpo. Contudo, posso estar certo de pensar. Logo é certo que 'eu sou, eu existo' por todo o tempo em que eu penso. Pois não posso estar certo de que, se eu deixasse de pensar, deixaria ao mesmo tempo de ser ou de existir.
Posso estar certo então de que sou uma coisa existente. Mas que coisa? Uma coisa que pensa. Não posso porém utilizar da imaginação para descobrir o que mais sou, uma vez que imaginar é contemplar a figura ou a imagem de uma coisa corporal – que não poderia estar certo de existir. Contudo, posso certamente afirmar que, sendo uma coisa que pensa, sou também algo que duvida, que concebe, que afirma, que nega, que tem vontade, imaginação também e que sente.
Pois se sou eu quem duvida, quem entende e quem deseja, tais coisas são portanto reais. E certamente também posso imaginar. Afinal, independentemente da existência do que imagino, o fato de imaginar é certo e faz parte do meu pensamento. Da mesma forma, sou capaz de sentir; e ainda que esteja dormindo ou sendo enganado, e então o que eu sinto talvez não exista, sentir nada é senão pensar, e já é certo que penso.
Comecemos pela consideração das coisas mais comuns: aquelas que vemos e tocamos. Tomemos como exemplo este pedaço de cera que contém todas as características que podem fazer conhecer um corpo.
Se aproximarmos a cera do fogo, todas suas características são alteradas. Ela não deixa, contudo, de ser cera. Logo, o que faz dela cera não são as características que pude perceber através dos meus sentidos. Afastando então tudo o que não pertence à cera, permanece somente algo extenso, flexível e mutável. Sendo eu incapaz de percorrer toda a infinidade de modificações que a cera pode sofrer, a concepção que tenho de cera não depende da minha capacidade de imaginar. O pedaço de cera então só pode ser concebido pelo meu entendimento. Assim como tudo o que vejo me é apresentado difusamente através da visão e só é bem interpretado pelo poder de julgar que possuo.
Tudo isso esclarece ainda mais o fato de que existo. Afinal, se penso ver a cera pode ser mesmo que eu não tenha olhos, ou que ela não seja como penso ser, porém não pode nunca ser que eu não exista para que pense vê-la.
Chego então ao ponto em que desejava. Após ter concluído que só concebemos os corpos pela nossa capacidade de entender, ou seja, por colocá-los em nosso pensamento, não há nada mais fácil de conhecer em nós do que o espírito.

9 comentários:

  1. ooooooooo coisa dificil de ser entendida, meus deusssssssssss

    ResponderExcluir
  2. mto tenso, complexo tbm...
    mas mto booom (y)

    ResponderExcluir
  3. Muito bom mesmo! Parabéns.

    ResponderExcluir
  4. Meeeeeeeeeu Jesus da Glória! que coisa difícil... esse René Descartes quer me deixar é louca ! kkkkk Mas ele sabe demaais :]

    ResponderExcluir
  5. filosofia e barrill kkkkkkk

    ResponderExcluir
  6. DEMAIS ! Que argumentos viu.. pra alguém contestar tudo o que ele disse tem que ser muito fera pra argumentar a nível.

    ResponderExcluir
  7. caramba gostei muito do texto mas acho que nao esta muito explicito

    ResponderExcluir
  8. Ótimo Resumo foi uns dos melhores que achei e um dos mais simples , mais bem traduzidos para facilitar o entendimento . Obrigado !

    ResponderExcluir