quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Admirável Mundo Novo


Durante a leitura do conto brasileiro Afinação na Arte de Chutar Tampinhas, João Antônio, eu ouvia falar sobre um tal livro chamado Contraponto. Muito curioso pesquisei sobre o tal livro e descobri que, de certa forma eu já conhecia o seu autor. Claro que era um conhecimento vago, mas eu sabia que não me era estranho o nome de Aldous Huxley. Durante a rápida pesquisa descobri que se tratava do autor de Admirável Mundo Novo, livro que por um bom tempo havia ocupado lugar de destaque nas livrarias virtuais onde costumo navegar. Ainda no clima de descoberta de um novo autor que abordasse temas do meu interesse li resumos dos dois livros: Contraponto e Admirável Mundo Novo. Apesar de, a princípio, o primeiro ter me chamado mais a atenção, optei pelo segundo, pela temática.
É um livro dito clássico e que trata de uma forma bem direta a situação da sociedade, não prendendo-se à inglesa, mas alcançando muito mais. Afinal não são só os ingleses que sonham (e acabam corroborando inconscientemente com isso) com uma sociedade totalmente organizada e previsível.
A época criada é posterior à nossa. Profeticamente fala-se mesmo numa outra era: a era Fordiana(Referência à Henry Ford), dominada por uma altíssima tecnologia de engenharia genética, domínio completo das técnicas de clonagem e o mais audacioso: produção em escala industrial de seres humanos.

Henry Ford, que se transformou numa figura messiânica para o Estado Mundial. "Oh Ford" ou "Nosso Ford", é usado no lugar de "Oh Senhor" ou "Nosso Senhor" (our Lord), como crédito por sua invenção da Linha de Montagem.

Sigmund Freud, "Nosso Freud" é algumas vezes citado no lugar de "Nosso Ford" devido a ligação entre Psicanálise Freudiana e o condicionamento humano, e a popular ideia de Freud de que a atividade sexual é essencial para a felicidade humana e não sendo necessariamente para procriação. Isto também implica fortemente que os cidadãos do Estado Mundial acreditavam que Freud e Ford seriam as mesmas pessoas. (Dados retirados da página: Wikipédia )

A sociedade é criada de acordo com classes muitíssimo bem definidas. Há o ministério da predestinação que é o órgão responsável por treinar os indivíduos desde à gestação para executarem as funções que lhes são destinadas(leia: escolhidas pelo departamento de predestinação).
Um ponto que me chamou a atenção no livro é o que diz respeito aos relacionamentos. A monogamia não é só reprimida socialmente, como chega mesmo a ser atacada. Se uma mulher da era Fordiana não se deitar com o maior número possível de homens ela é vista como subversora das leis sociais. As mulheres são condicionadas também a não terem filhos de forma alguma, pois isso é visto como uma coisa suja. Crianças só podem ser geradas nas indústrias projetadas com esse único fim. O próprio termo 'Mãe' é ofensivo e pejorativo.
Com uma certa dose de ironia e um senso crítico afiadíssimo, Huxley cria o futuro de uma sociedade que é cada vez mais materialista e menos afetiva, que se rende cada vez mais completamente às diárias lavagens cerebrais que propõem a televisão, a moda, o cinema de uma forma geral, e a própria sociedade que é cada vez mais alienada, que tende à uma vida vegetativa e sem propósito que não seja a facilidade, comodidade e ausência de dor.
Em Admirável Mundo Novo, há uma droga chamada soma que não deixa as pessoas sentirem dor alguma e que, quando ingerida, causa a sensação de uma verdadeira viagem para o paraíso. O uso de soma é indiscriminado e incentivado, além de não apresentar nenhum dos efeitos colaterais das drogas de hoje. Fica a questão: se houvesse mesmo o soma, que aliviasse completamente o sofrimento e o desconforto das pessoas há alguém que não usaria?