.jpg)
Orgasmos literários por José Saramago.
Sem mais comentários, é desnecessário escrever que meu primeiro contato com sua literatura foi impactante.
"Tens com certeza um mester, um ofício, uma profissão, como agora se diz, Tenho, tive, terei se for preciso, mas quero encontrar a ilha desconhecida, quero saber quem sou quando nela estiver, não o sabes, Se não sais de ti, não chegas a saber quem és, O filósofo do rei quando não tinha que fazer, ia sentar se ao pé de mim, a ver-me passajar as peúgas dos pajens, e às vezes dava-lhe para filosofar, dizia que todo o homem é uma ilha, eu, como aquilo não era comigo, visto que sou mulher, não lhe dava importância, tu que achas, Que é necessário sair da ilha para ver a ilha, que não nos vemos se não nos saímos de nós, Se não saímos de nós próprios, queres tu dizer, não é a mesma coisa." (J. Saramago, O Conto da Ilha Desconhecida)
Metaforica e categóricamente, a Ilha Desconhecida, é o Eu Desconhecido; sua busca é a busca à nós mesmos e aos nossos próprios ideais.
"É muito fácil ser como os outros
Difícil é ousar ser diferente
Arriscar-se numa aventura inusitada
Em busca do que se é." (Pablo Vinícius)
Nessa busca, o principal não é o resultado, ou seja, o que procuramos. Mas simplesmente a própria busca. O nosso achado consiste em ousar procurar. Logo, é mister que se nada encontrarmos, não fracassaremos; pois é vitória o simples fato de ter procurado.
"Sim, às vezes naufraga-se pelo caminho, mas, se tal me viesse a acontecer,
deverias escrever nos anais do porto que o ponto a que cheguei foi
esse, Queres dizer que chegar sempre se chega,...” (SARAMAGO, 1998,
p.27). "
Que se atire ao mar, quem ainda não ousou desbravar suas ilhas desconhecidas.